(Querer) Mudar...

Que tal usar os dias de descanso para reflectir sobre o que realmente se quer e acabar com as angústias? Afinal, a mudança não tem de ser um exclusivo das decisões de Ano Novo...
“Com frequência sentimo-nos 'prisioneiros' diante de diversas circunstâncias e podemos pensar erroneamente que o nosso presente não nos pertence”, escreve a psicóloga María Jesús Álava Reyes, no livro A Inutilidade do Sofrimento.  Acrescenta ainda que “A verdade é que sem nos darmos conta repetimos condutas, rotinas, costumes, hábitos… formas de agir que, inexoravelmente, nos fazem sentir mal, mas que se afiguram impossíveis de evitar.” Mas terá de ser este o veredicto? Para a terapeuta espanhola, a resposta é negativa. Na sua opinião, o primeiro passo para planear a rentrée da nossa vida está na acção: “A felicidade depende de nós próprios, não das nossas circunstâncias”, garante.
O psicólogo clínico Paulo Sargento dos Santos diz que: “O ser humano é feito para mudar.” Se assim é, porque é tão difícil dar o passo em frente? E segundo o mesmo a resposta está no facto: “mudança estar associada a situações de conflito, o que vai provocar, quanto mais não seja momentaneamente, um desequilíbrio relativamente a um determinado status quo.”
A mudança pode custar, mas é essencial para gostarmos mais de nós mesmos. Aprendida a primeira lição, resta escolher o caminho a seguir. E eis uma nova fonte de angústia. E se errarmos? A resposta é dada por Fermín Bouza. “Devemos concluir que enganarmo-nos é normal e que a vida é uma permanente procura das condutas mais adequadas para cada circunstância. Neste sentido, aquilo a que chamamos erro não é mais do que um passo natural para outra coisa”.
Pior do que o medo de errar é a inexistência de quaisquer perspectivas. O saber que se está mal e que assim não se pode continuar, mas não vislumbrar outros caminhos. “Há uma regra de ouro: quando não vires nenhum caminho, não continues a olhar. Pára! Fecha os olhos, controla a tua respiração, tenta pensar em algo positivo e quando o conseguires, olha de novo e talvez já possas ver; mas se ainda não distinguires nada, não te preocupes, porque certamente estará lá e quer é fazer-te uma surpresa”, aconselha María Jesús Álava Reyes. Afinal, como garante a psicóloga, “há sempre um caminho, ainda que nesse momento pareça escondido”.

Outra máxima a ter em conta neste balanço existencial é que, muitas vezes, uma recta não é o caminho mais curto entre dois pontos. Ou seja, mudar por mudar, sem saber muito bem porquê ou para onde, não é solução para o mal-estar interior. “A mudança não tem de ser rápida e imediata”, avisa o psicólogo Paulo Sargento dos Santos, alertando que as alterações à nossa existência devem ser feitas de forma integrada, com um custo/benefício equilibrado. 
Reflectir é, assim, a palavra de ordem. (...) O importante é começar a sacudir as angústias existenciais, de forma a acabar com essa sensação de sentir-se encurralado numa vida que não escolheu. Uma missão que poderá ter um elevado grau de dificuldade, avisa Paulo Sargento dos Santos. “Como disse um filósofo alemão: pensar dói. O pensamento, quando é feito de forma metódica e sem limites de preconceito, é uma das coisas mais dolorosas.”
Porquê esperar, então, por um novo ano para mudar aquilo que o incomoda, se pode começar agora? Acredite no seu potencial e no poder positivo da transformação. Se lhe restam dúvidas, escute o que diz María Jesús Álava Reyes: “A pessoa é um processo em permanente crescimento, em contínua superação e adaptação constante. Se esquecermos estes princípios, estamos a negar a essência da nossa realidade e com isso as possibilidades de evolução, aprendizagem e enriquecimento que qualquer vida implica.”  Então, vamos a isto?

Adaptado do texto de Cristina Azedo
Na revista Máxima

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