Saber dizer não...
A assertividade (…) apela a uma condição essencial à boa saúde mental e que deve ser promovida em todas as idades e por todos.
A ideia central da assertividade remete para a expressão integral de nós próprios de uma forma afirmativa. Nesse sentido, importa saber dizer “não” e dizer “não” sem a concorrência dum imenso sentimento de culpa. (…) Saber dizer “não” não é mais do que se defender e se afirmar de uma forma positiva.
Não se trata de saber dizer “não” por negativismo ou desafio infundamentado. Pelo contrário, é saber expressar ao mundo o que melhor satisfaz as nossas necessidades e, dessa forma, sentirmo-nos melhor connosco próprios e com os outros. Exemplos de pessoas afirmativas são todas aquelas que são capazes de declarar adequadamente o seu afecto em família, invocar a ajuda de um amigo ou fazer um pedido ao patrão. Por outras palavras, são todas aquelas pessoas que são capazes de exprimir os seus direitos nos seus diversos domínios de vida…
Saber dizer “não” é, por isso, uma expressão de assertividade. Renunciar à afirmação dos nossos direitos é abdicar da importância do direito a uma expressão saudável e sólida da nossa identidade. Há quem não defenda os seus direitos porque se encontra extremamente preocupado com o que os outros pensam; pelo contrário, há os que desenrolam um conjunto de comportamentos agressivos e não se incomodam com os danos que causam nos outros. Na regulação destes estilos extremos, passivo e agressivo, deve permanecer um equilíbrio de forças, o qual é extremamente complexo e requer um longo trabalho de aprendizagem e de interiorização pessoal. No primeiro caso, à medida que a pessoa for treinando, poderá aperceber-se de que pode fazer uma pergunta inócua numa sala de aula sem ter medo de incomodar o professor. No caso do estilo mais agressivo, o qual exige a interiorização do respeito pelos outros, poderá passar simplesmente por saber dizer “bom dia” ou “obrigado”.
Todos nós, pela própria educação que tivemos, demonstramos, por vezes, dificuldade em corresponder à nossa necessidade de assertividade. Desde miúdos, em casa e na escola, somos confrontados com a ideia de que não devemos exprimir tudo o que pensamos ou sentimos. No entanto, dizem-nos rigorosamente nada sobre o que significa este “tudo”. Ora, é fundamental que possamos e saibamos dizer aos outros que gostamos deles, da mesma forma que podemos confessar que houve algo naquela pessoa que nos desagradou. Em ambos os casos, estaremos a regular a relação connosco próprios e com os outros… estaremos a ser assertivos!
Por Sandra Santos Vilaça
Comentários
Por acaso já os tinha recebido a ambos, eu que ando sem paciência para responder a essas coisas e muito menos as publicar!! Ups! :)
Rita Moura: No fundo isso acontece quando não se tem a certeza do que queremos, quando são pessoas inconstantes, etc.
Mas é como dizes, pode não trazer problemas no imediato, mas pode resultar em problemas mais tarde...